quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sanidade

Minha vida resume-se a andar. A casa, sempre fechada. De dia, sempre na penumbra; à noite, trevas. Todo o tempo a andar pela casa. Enquanto ando, pensamentos surgem-me rápidos e, no mesmo instante, se vão. Aporrinham-me estas lembranças. Rostos inteiros me aparecem, expressivos. Outras vezes, apenas os olhos de mulher, que me espiam. Afasto essas aparições. Em vão. Tento manter-me lúcido e segurar o juízo. Digo em voz alta que estou enlouquecendo. Às vezes concordo que minha sanidade depende de eu aceitar minha loucura.
- Sim, sou louco. Louco. Louco. Negar esta verdade me tornaria um homem realmente doente.

Foto retirada do site www lucynovaes-minhaalmanua.blogspot.com

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